De que são feitos os dias?

11 de Abril de 2019

[Por: José Neivaldo de Souza]




Cecilia Meireles, poeta dócil e realista, perguntava: “De que são feitos os dias? Não sei que contexto a inspirou, mas este belo poema nos fala também hoje. Atravessamos tempos difíceis na expectativa de grandes mudanças. Cecilia não era pessimista a ponto de desconfiar da esperança e nem otimista como se vivesse num futuro romantizado, sem preocupações e sofrimento. 

 

É evidente a transformação planetária. Ouvindo o guru e psicanalista Sri Prem Baba, dá até para se convencer de que as transformações são para o bem. Querendo nos ajudar a conectar com os atuais acontecimentos, ele observa que a maior transformação será a transição do materialismo para o espiritualismo. Um espiritualismo livre de dogmas ou de qualquer ideologia que inclemente o preconceito e a exclusão, o medo e o ódio. A dimensão espiritual, segundo ele, nos leva a uma consciência crítica em relação ao universo: tudo o que ocorre no universo, fora de nós, é reflexo do nosso interior e vice-versa. Esta consciência favorece o pensamento de que a raiz de toda crise se encontra em nós e, a partir de nós, deve ser enfrentada e resolvida. Mas, como resolver? Segundo ele, uma das maiores crises, em nosso interior, está no campo afetivo e para isso é preciso se libertar dos vícios e hábitos formatados pelo ódio e o medo: “apegos, jogos de acusação e poder, dependência, ciúme, posse, vingança e todos os outros mecanismos de defesa que têm origem na carência afetiva”. 

 

Por outro lado, os profetas do pessimismo apontam para um retrocesso do ser humano. Ainda que a resolução da crise esteja dentro de cada pessoa, é preciso ter inteligência, vontade e esforço para a transformação do mundo. É sempre um olhar de apatia em relação ao outro que tem ideias, mas não tem ação. Talvez este tipo de pensamento se expresse na música interpretada pela cantora paranaense Raissa Fayet “Seu João” que diz: “Todo mundo quer salvar o mundo, mas ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça”. O pessimismo é, muitas vezes, a postura de quem está cansado diante de uma realidade sem perspectiva, como canta: 

 

“Cansada desse governo vida de senzala
Ladrão vestido de fé levantando bandeira
Mas eu peço num grito sussurro de quem não tem voz
Me deixe cantar pra quem dorme profundo”. 

 

https://www.cultcarioca.com.br/2012/10/cecilia-meireles-de-que-sao-feitos-os.html

 

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