E se o Papa se faz de bobo?
[Eduardo Hoornaert]
[Por: Eduardo Hoornaert]
“Desde sua eleição ao papado no dia 15 de março de 2013, o argentino Jorge Bergoglio tem desenhado uma trajetória fortemente contrastante com seus dois predecessores João Paulo II e Bento XVI. Ele tem feito gestos que ao mesmo tempo causam estranheza e até hostilidade por parte da Cúria Romana e simpatia por parte de amplos setores da sociedade, dentro e fora da Igreja Católica (um papa ‘pop’). Tanto para a sociedade como para o governo central da Igreja Católica (o Vaticano), o Papa Francisco é uma surpresa e, até certo ponto, um enigma. Depois de mais de três anos no governo geral da Igreja Católica (escrevo em junho de 2016), ele permanece para muitos (as) uma figura de difícil compreensão. É da direita ou da esquerda? Faz ‘opção pelo pobre’? (não costuma usar o termo ‘pobre’, prefere falar em ‘povo’.) É contra a Teologia da Libertação? (costuma falar em ‘Teologia do Povo’, mas ao mesmo tempo recebe calorosamente o Padre Gustavo Gutiérrez, principal mentor da Teologia da Libertação). Não aprofunda questões como a do sacerdócio feminino, da readmissão de padres casados ou da licença para que divorciados recasados recebam a ‘Santa Comunhão’. Diante do homossexualismo a mesma aparente contradição: ele diz que não quer impedir um homossexual de se aproximar de Deus (decodificando: receber os sacramentos) e, mesmo assim, se declara contrário ao casamento gay.
Diante desse quadro confuso, penso que vale a pena recuar no tempo e situar o atual papa diante de um painel histórico mais amplo. Neste trabalho recuo até o século IV, pois naquele remoto século acontecem mudanças estruturais no cristianismo que até hoje marcam a Igreja Católica. Então pensei em formular uma pergunta provocativa: o Papa Francisco se faz de ‘bobo na Corte’? Essa pergunta pressupõe outra: o governo central da Igreja é uma Corte? Vou por pontos: (1) O que se entende aqui por ‘Corte’ (sempre com maiúscula)? (2) Qual o papel do ‘bobo na Corte’? (3) O figurino do ‘bobo’ ajuda a entender o Papa Francisco? (…)”.
Confira o artigo.